quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Aspectos da educação grega no filme "300"


Estudando um pouco da história da educação partindo do berço que é a Grécia Antiga e a partir da visualização do filme 300 pudemos associar vários aspectos educacionais da época presentes no filme.
300” um filme com direção de Zack Snyder e distribuído pela Warner Bros. Pictures foi lançado em 09 de novembro de 2006 nos Estados Unidos. O filme “300” retrata através de um narrador a resistência heroica de 300 homens espartanos liderados por seu rei Leônidas contra o poder e devastação do império persa, já que as outras cidades-estados se recusaram a entrar no conflito. O exército de Xerxes, rei da Pérsia, contava com um incalculável número de combatentes contra os espartanos, mesmo assim, os 300 e outros gregos que se juntaram a eles combatem bravamente e inteligentemente os persas. Os 300 guerreiros tinham a vantagem por serem profissionais, pois, desde os sete anos de idade receberam treinamento para serem os melhores de toda Grécia. Também por sua posição geográfica, pois se agruparam no desfiladeiro chamado Termópilas encurralando os persas, e só nos primeiros dias de combate empilharam milhares deles. Mas, Elfiates, um espartano deformado fisicamente a quem Leônidas negou participar do seu exército, revoltado, revelou a Xerxes uma passagem que contornava o desfiladeiro, acabando assim, com a vantagem do exército de Leônidas que foi cercado e morto pelos persas. Contudo, antes da batalha final, Leônidas envia um de seus soldados para retornar a Esparta com o objetivo de divulgar os feitos heroicos de seus homens, que defendeu não só sua cidade, mas toda a Grécia que havia se recusado a enviar seus homens para enfrentarem Xerxes.
Observamos que o filme retrata muito da Educação Espartana e da cultura grega de forma geral. Nas primeiras cenas do filme, o rei Leônidas foi levado aos sete anos de idade para se tornar o “guerreiro belo e bom” para defender os exércitos espartanos. Em Esparta, a educação era baseada no militarismo. As crianças eram levadas de suas famílias para receberem a educação pública e obrigatória promovida pelo Estado com o objetivo futuro de servir a sua nação. Era uma educação severa, valorizando a obediência, a aceitação dos castigos e torturas, passando fome, frio, enfrentando os perigos e testes de sobrevivência num treinamento de muitos anos, como se pôde perceber na figura do rei Leônidas. Tanto que os espartanos não tinham profissões, todos eram guerreiros.
Ainda neste ponto da formação do guerreiro, percebemos que este deveria atingir o grau de perfeição, de corpos perfeitos como mostra a imagem do guerreiro forte, musculoso, saudável, e, aqueles que não atendessem a estes requisitos não poderiam ser soldados espartanos. Tanto que os pais eram orientados para abandonarem as crianças deficientes ou frágeis. Inclusive o próprio rei Leônidas foi examinado por seus pais ao nascer, em um precipício que provavelmente seria jogado se não fosse perfeito. Como prova disto, vimos na cena em que aparece um homem deficiente físico, o Elfiates, que gostaria de lutar com Leônidas, mas este o recusou por não responder aos requisitos estabelecidos e por suas próprias restrições físicas. Revelando assim, o ideal de perfeição grego.
Outro ponto importante na história do filme é a valorização da escrita historiográfica, a preocupação que havia na documentação das batalhas e da própria história, onde o rei Leônidas encarrega um dos 300 para voltar para casa, documentar a batalha e disseminar para todos, os feitos heroicos dos 300 espartanos para que o mundo não se esquecesse de sua bravura, num relato de vitória, de honra e de glória dos 300 que defenderam Esparta e a Grécia até morte. Isto mostra o quão foi importante esta preocupação, pois, foi a partir desta documentação que hoje temos os relatos desta história. Em contraposição, o rei persa Xerxes, disse que “todo pergaminho, todo historiador ou escriba serão queimados para que ninguém conheça a glória de Esparta”.
Na época retratada no filme, observamos ainda a predominância dos mitos, do misticismo. A Grécia como fonte mítica se revela em vários momentos no filme, como: nas figuras dos Éforos, sacerdotes dos antigos deuses, onde não se poderia ir a nenhuma guerra sem a benção destes sacerdotes; a figura do oráculo revelada numa imagem de uma bela mulher em semelhança com as deusas gregas em toda sua perfeição; a atribuição a Zeus da tempestade que destruiu uma frota do exército persa “rasgando os céus”; e o exército persa nas figuras dos “imortais”, verdadeiros monstros que serviam aos persas há 500 anos. Também há um diálogo em que o narrador diz que os espartanos eram descendentes do próprio Hércules, figura de um semideus muito importante na mitologia grega, representado, sobretudo, pela figura de Leônidas.
Em Esparta a mulher tinha voz. Percebemos através da rainha, esposa de Leônidas, que as mulheres também tinham poder de decisão, demonstrado logo na visita do mensageiro de Xerxes, em que este a desrespeita e ela diz que “só as espartanas dão à luz a homens de verdade” e o respeito do rei ao olhar para ela, procurando sua confirmação antes de jogar o mensageiro no poço. Sua voz pôde ser ouvida numa assembleia, onde falou com eloquência e demonstrou domínio da oratória, inclusive matando um traidor de Esparta com toda a autoridade.
Importante observar as diferenças entre espartanos e gregos. Os espartanos consideravam os gregos como soldados amadores que não sabiam lutar, já que muitos se uniram a Leônidas em batalha, mas ao ver que a guerra estaria perdida foram embora. Contudo, mais tarde à morte dos 300, o exército espartano lidera 30 mil soldados gregos na luta contra o misticismo e tirania de Xerxes.

O filme adquire um caráter histórico e cultural muito significativo, pois, retrata a história de Esparta e da Grécia, abrangendo diversos pontos como a Educação, a cultura da formação militar, a guerra dos gregos e persas. A partir de uma visão crítica da época, pude perceber o quanto algumas coisas foram importantes, como a historiografia, o importante processo que consiste em resguardar a nossa história e transmitir para futuras gerações. Bem como, que a Educação ao longo do tempo e de acordo com suas culturas cumpre um propósito para o bem da sociedade, sempre com o objetivo de transformá-la ou conduzi-la de determinada maneira, como no caso dos espartanos. Mostra a evolução educacional com o fim de atingir seus objetivos em determinada época e cultura.
REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e do Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.

Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário