“300” um filme com
direção de Zack Snyder e distribuído pela Warner Bros. Pictures foi lançado em
09 de novembro de 2006 nos Estados Unidos. O filme “300” retrata através de um
narrador a resistência heroica de 300 homens espartanos liderados por seu rei
Leônidas contra o poder e devastação do império persa, já que as outras
cidades-estados se recusaram a entrar no conflito. O exército de Xerxes, rei da
Pérsia, contava com um incalculável número de combatentes contra os espartanos,
mesmo assim, os 300 e outros gregos que se juntaram a eles combatem bravamente
e inteligentemente os persas. Os 300 guerreiros tinham a vantagem por serem
profissionais, pois, desde os sete anos de idade receberam treinamento para
serem os melhores de toda Grécia. Também por sua posição geográfica, pois se
agruparam no desfiladeiro chamado Termópilas encurralando os persas, e só nos
primeiros dias de combate empilharam milhares deles. Mas, Elfiates, um
espartano deformado fisicamente a quem Leônidas negou participar do seu
exército, revoltado, revelou a Xerxes uma passagem que contornava o
desfiladeiro, acabando assim, com a vantagem do exército de Leônidas que foi
cercado e morto pelos persas. Contudo, antes da batalha final, Leônidas envia
um de seus soldados para retornar a Esparta com o objetivo de divulgar os
feitos heroicos de seus homens, que defendeu não só sua cidade, mas toda a
Grécia que havia se recusado a enviar seus homens para enfrentarem Xerxes.
Observamos que o filme
retrata muito da Educação Espartana e da cultura grega de forma geral. Nas
primeiras cenas do filme, o rei Leônidas foi levado aos sete anos de idade para
se tornar o “guerreiro belo e bom” para defender os exércitos espartanos. Em
Esparta, a educação era baseada no militarismo. As crianças eram levadas de
suas famílias para receberem a educação pública e obrigatória promovida pelo Estado
com o objetivo futuro de servir a sua nação. Era uma educação severa,
valorizando a obediência, a aceitação dos castigos e torturas, passando fome,
frio, enfrentando os perigos e testes de sobrevivência num treinamento de
muitos anos, como se pôde perceber na figura do rei Leônidas. Tanto que os
espartanos não tinham profissões, todos eram guerreiros.
Ainda neste ponto da
formação do guerreiro, percebemos que este deveria atingir o grau de perfeição,
de corpos perfeitos como mostra a imagem do guerreiro forte, musculoso,
saudável, e, aqueles que não atendessem a estes requisitos não poderiam ser
soldados espartanos. Tanto que os pais eram orientados para abandonarem as
crianças deficientes ou frágeis. Inclusive o próprio rei Leônidas foi examinado
por seus pais ao nascer, em um precipício que provavelmente seria jogado se não
fosse perfeito. Como prova disto, vimos na cena em que aparece um homem
deficiente físico, o Elfiates, que gostaria de lutar com Leônidas, mas este o
recusou por não responder aos requisitos estabelecidos e por suas próprias
restrições físicas. Revelando assim, o ideal de perfeição grego.
Outro ponto importante
na história do filme é a valorização da escrita historiográfica, a preocupação
que havia na documentação das batalhas e da própria história, onde o rei
Leônidas encarrega um dos 300 para voltar para casa, documentar a batalha e
disseminar para todos, os feitos heroicos dos 300 espartanos para que o mundo
não se esquecesse de sua bravura, num relato de vitória, de honra e de glória
dos 300 que defenderam Esparta e a Grécia até morte. Isto mostra o quão foi
importante esta preocupação, pois, foi a partir desta documentação que hoje
temos os relatos desta história. Em contraposição, o rei persa Xerxes, disse
que “todo pergaminho, todo historiador ou escriba serão queimados para que
ninguém conheça a glória de Esparta”.
Na época retratada no
filme, observamos ainda a predominância dos mitos, do misticismo. A Grécia como
fonte mítica se revela em vários momentos no filme, como: nas figuras dos
Éforos, sacerdotes dos antigos deuses, onde não se poderia ir a nenhuma guerra
sem a benção destes sacerdotes; a figura do oráculo revelada numa imagem de uma
bela mulher em semelhança com as deusas gregas em toda sua perfeição; a
atribuição a Zeus da tempestade que destruiu uma frota do exército persa
“rasgando os céus”; e o exército persa nas figuras dos “imortais”, verdadeiros
monstros que serviam aos persas há 500 anos. Também há um diálogo em que o
narrador diz que os espartanos eram descendentes do próprio Hércules, figura de
um semideus muito importante na mitologia grega, representado, sobretudo, pela
figura de Leônidas.
Em Esparta a mulher
tinha voz. Percebemos através da rainha, esposa de Leônidas, que as mulheres
também tinham poder de decisão, demonstrado logo na visita do mensageiro de
Xerxes, em que este a desrespeita e ela diz que “só as espartanas dão à luz a
homens de verdade” e o respeito do rei ao olhar para ela, procurando sua
confirmação antes de jogar o mensageiro no poço. Sua voz pôde ser ouvida numa
assembleia, onde falou com eloquência e demonstrou domínio da oratória,
inclusive matando um traidor de Esparta com toda a autoridade.
Importante observar as
diferenças entre espartanos e gregos. Os espartanos consideravam os gregos como
soldados amadores que não sabiam lutar, já que muitos se uniram a Leônidas em
batalha, mas ao ver que a guerra estaria perdida foram embora. Contudo, mais
tarde à morte dos 300, o exército espartano lidera 30 mil soldados gregos na
luta contra o misticismo e tirania de Xerxes.
O filme adquire um
caráter histórico e cultural muito significativo, pois, retrata a história de
Esparta e da Grécia, abrangendo diversos pontos como a Educação, a cultura da
formação militar, a guerra dos gregos e persas. A partir de uma visão crítica
da época, pude perceber o quanto algumas coisas foram importantes, como a
historiografia, o importante processo que consiste em resguardar a nossa
história e transmitir para futuras gerações. Bem como, que a Educação ao longo
do tempo e de acordo com suas culturas cumpre um propósito para o bem da
sociedade, sempre com o objetivo de transformá-la ou conduzi-la de determinada
maneira, como no caso dos espartanos. Mostra a evolução educacional com o fim
de atingir seus objetivos em determinada época e cultura.
REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de
Arruda. História da educação e da
pedagogia: geral e do Brasil. 3ª
ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.
Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015
Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015
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