quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016


Recentemente na disciplina de Tópicos Especiais na graduação em Pedagogia, refletimos um pouco sobre a Pedagogia Social e a formação e atuação do Educador Social nos mais variados ambientes.
A partir disso, observamos o quanto a nossa sociedade necessita destes profissionais que ainda estão em formação.

O texto a seguir foi redigido com base nos textos de Evelcy Monteiro Machado em seu trabalho Pedagogia Social no Brasil: políticas, teorias e práticas em construção (2009) e de Geraldo Caliman no escrito Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador (2010):

PEDAGOGIA SOCIAL NO BRASIL

A Pedagogia Social é uma área de conhecimento que vem se disseminando cada vez mais em todo o mundo e que abrange os espaços escolares e não escolares, a partir do princípio da Educação em sua totalidade. No Brasil, a Pedagogia Social tem seu próprio ritmo tanto no campo teórico como no prático. No cenário brasileiro, a prática se impôs à teoria, ou seja, a área vem sendo organizada a partir deste início de século, observando-se as práticas desenvolvidas nos vários campos de atuação. Suas bases teóricas vêm sendo organizadas pela análise da própria prática que se consolida.
Contudo, ainda persiste o desconhecimento da área, notado inclusive por seus próprios trabalhadores, profissionais ou voluntários. Por isso, há a necessidade de reflexão sobre o espaço a margem da educação que ocorrem as intervenções socioeducativas no Brasil, a fim de superar a visão assistencialista predominante. Esse desconhecimento deve-se, em parte, a falta de formação de muitos profissionais atuantes.
Como a Pedagogia Social é ainda uma área em construção, muitos trabalhos e projetos são realizados por educadores sem formação específica, comprometendo assim, a qualidade dos resultados obtidos. Por isso, é essencial a formação inicial e continuada destes profissionais.
Quanto à formação, apesar de vagas restritas, no Brasil já se oferece cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado em várias partes do país, além de pesquisas na área. Na formação inicial, como no curso de Pedagogia, já se oferece disciplinas que trazem a reflexão no aluno sobre a educação não escolar. Nessa formação em nível superior, a área articula-se com a Pedagogia, a Psicologia e Assistência Social.
Quando falamos que a Pedagogia Social assume o princípio da Educação como direito, encontramos respaldo no artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 onde a Educação é entendida como “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988 apud MACHADO, 2009, p. 11381). Observamos também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 que a Educação abrange os processos formativos desenvolvidos nos diferentes espaços: “na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996 apud MACHADO, 2009, p. 11381). No entanto, estes conceitos de educação ainda são fragmentados e para se garantir os direitos plenos à educação é fundamental avanços e mudanças nas políticas públicas educacionais.
 À educação foi creditada à possibilidade de mudanças no desenvolvimento dos países e no Brasil não foi diferente. E para que essa mudança aconteça o foco é a escola. Contudo, o sistema educativo de ensino tem muito a melhorar, pois pouco se avançou no sentido de abranger a totalidade da Educação. Ainda não é compreendido que à Educação não se restringe a escola e ao sistema escolar, mas há um imenso espaço: familiar, social, de trabalho, político, econômico e cultural, que “fora e além da escola existem diversas formas de educação igualmente significativas e influentes” (CALIMAN, 2010, p. 342).
A Educação vai além. É a formação do homem integral em todas as suas relações com a sociedade e suas intervenções. E a escola não abrange todas as necessidades educativas e fora do ambiente escolar, são necessidades socioeducativas que atingem todas as idades e estão relacionadas a diversas situações, fazendo-se necessário a atuação da Pedagogia Social através de seus pedagogos e Educadores Sociais.
Em suma, a Pedagogia Social vem atender a demanda de situações que a educação escolar não abrange. A própria escola, no relacionamento entre família e sociedade, requer atenção que por meio da educação formal não é possível. Portanto, é necessário o aprofundamento das discussões e pesquisas no campo teórico e prático para a consolidação da área e para que possa atender as necessidades da sociedade brasileira, bem como, o desenvolvimento de políticas públicas que possibilitem a formação inicial e continuada dos profissionais para uma atuação mais eficaz.
REFERÊNCIAS:

MACHADO, Evelcy Monteiro. Pedagogia Social no Brasil: políticas, teorias e práticas em construção. IX Congresso Nacional de Educação- EDUCERE; III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. PUC: PR, 2009. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/PAL010.pdf. Acesso em 07/07/15.

CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. Revista de CIÊNCIAS da EDUCAÇÃO - UNISAL - Americana/SP - Ano XII - Nº 23 - 2º Semestre/2010. Disponível em: http://sites.unicentro.br/wp/cursodepedagogia/files/2011/08/caliman-pedagogia-social-transformadora.pdf, acesso em 09/07/15.

Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015 

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