quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Educação na Antiguidade Grega: a paideia

Conheçamos um pouco da história da Antiguidade Grega através do resumo do texto de Maria Lúcia de Arruda Aranha (2006):

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e do Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006 (p. 57-77)

RESUMO
O objetivo do texto Antiguidade grega: a paideia de Maria Lúcia de Arruda Aranha (2006) é mostrar a evolução da sociedade grega com ênfase na educação, na paideia e as contribuições para a educação atual. A autora mostra que na Grécia Antiga, nos tempos homéricos predominava a concepção mítica do mundo, em que a origem e as ações humanas eram influenciadas pelos deuses. Com as grandes transformações políticas e sociais, o surgimento dos primeiros filósofos e consequentemente, os questionamentos da realidade mítica, o ideal grego passa a ser democrático voltado para a formação do cidadão da pólis. Neste contexto, a paideia adquire a concepção de educação integral. De início a educação visava à formação militar, depois teve como foco a educação física e os esportes, para após, priorizar a literatura e a retórica. No período helenístico, paideia assume a definição de enciclopédia ou “educação geral” acentuada pelo projeto das sete artes liberais. A partir deste momento, inicia-se uma reflexão sobre o ideal da formação, onde o cidadão passa a elaborar a cultura da cidade, e é onde a palavra pedagogia adquire o conceito ampliado que designa toda teoria sobre a educação. Portanto, é observável que a Grécia trouxe várias contribuições para a educação destacando as dos sofistas, Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles e que são aplicadas ainda hoje nas diversas práticas pedagógicas.


Palavras-chave: educação; paideia; formação. 

Resumo escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015

Aspectos da educação grega no filme "300"


Estudando um pouco da história da educação partindo do berço que é a Grécia Antiga e a partir da visualização do filme 300 pudemos associar vários aspectos educacionais da época presentes no filme.
300” um filme com direção de Zack Snyder e distribuído pela Warner Bros. Pictures foi lançado em 09 de novembro de 2006 nos Estados Unidos. O filme “300” retrata através de um narrador a resistência heroica de 300 homens espartanos liderados por seu rei Leônidas contra o poder e devastação do império persa, já que as outras cidades-estados se recusaram a entrar no conflito. O exército de Xerxes, rei da Pérsia, contava com um incalculável número de combatentes contra os espartanos, mesmo assim, os 300 e outros gregos que se juntaram a eles combatem bravamente e inteligentemente os persas. Os 300 guerreiros tinham a vantagem por serem profissionais, pois, desde os sete anos de idade receberam treinamento para serem os melhores de toda Grécia. Também por sua posição geográfica, pois se agruparam no desfiladeiro chamado Termópilas encurralando os persas, e só nos primeiros dias de combate empilharam milhares deles. Mas, Elfiates, um espartano deformado fisicamente a quem Leônidas negou participar do seu exército, revoltado, revelou a Xerxes uma passagem que contornava o desfiladeiro, acabando assim, com a vantagem do exército de Leônidas que foi cercado e morto pelos persas. Contudo, antes da batalha final, Leônidas envia um de seus soldados para retornar a Esparta com o objetivo de divulgar os feitos heroicos de seus homens, que defendeu não só sua cidade, mas toda a Grécia que havia se recusado a enviar seus homens para enfrentarem Xerxes.
Observamos que o filme retrata muito da Educação Espartana e da cultura grega de forma geral. Nas primeiras cenas do filme, o rei Leônidas foi levado aos sete anos de idade para se tornar o “guerreiro belo e bom” para defender os exércitos espartanos. Em Esparta, a educação era baseada no militarismo. As crianças eram levadas de suas famílias para receberem a educação pública e obrigatória promovida pelo Estado com o objetivo futuro de servir a sua nação. Era uma educação severa, valorizando a obediência, a aceitação dos castigos e torturas, passando fome, frio, enfrentando os perigos e testes de sobrevivência num treinamento de muitos anos, como se pôde perceber na figura do rei Leônidas. Tanto que os espartanos não tinham profissões, todos eram guerreiros.
Ainda neste ponto da formação do guerreiro, percebemos que este deveria atingir o grau de perfeição, de corpos perfeitos como mostra a imagem do guerreiro forte, musculoso, saudável, e, aqueles que não atendessem a estes requisitos não poderiam ser soldados espartanos. Tanto que os pais eram orientados para abandonarem as crianças deficientes ou frágeis. Inclusive o próprio rei Leônidas foi examinado por seus pais ao nascer, em um precipício que provavelmente seria jogado se não fosse perfeito. Como prova disto, vimos na cena em que aparece um homem deficiente físico, o Elfiates, que gostaria de lutar com Leônidas, mas este o recusou por não responder aos requisitos estabelecidos e por suas próprias restrições físicas. Revelando assim, o ideal de perfeição grego.
Outro ponto importante na história do filme é a valorização da escrita historiográfica, a preocupação que havia na documentação das batalhas e da própria história, onde o rei Leônidas encarrega um dos 300 para voltar para casa, documentar a batalha e disseminar para todos, os feitos heroicos dos 300 espartanos para que o mundo não se esquecesse de sua bravura, num relato de vitória, de honra e de glória dos 300 que defenderam Esparta e a Grécia até morte. Isto mostra o quão foi importante esta preocupação, pois, foi a partir desta documentação que hoje temos os relatos desta história. Em contraposição, o rei persa Xerxes, disse que “todo pergaminho, todo historiador ou escriba serão queimados para que ninguém conheça a glória de Esparta”.
Na época retratada no filme, observamos ainda a predominância dos mitos, do misticismo. A Grécia como fonte mítica se revela em vários momentos no filme, como: nas figuras dos Éforos, sacerdotes dos antigos deuses, onde não se poderia ir a nenhuma guerra sem a benção destes sacerdotes; a figura do oráculo revelada numa imagem de uma bela mulher em semelhança com as deusas gregas em toda sua perfeição; a atribuição a Zeus da tempestade que destruiu uma frota do exército persa “rasgando os céus”; e o exército persa nas figuras dos “imortais”, verdadeiros monstros que serviam aos persas há 500 anos. Também há um diálogo em que o narrador diz que os espartanos eram descendentes do próprio Hércules, figura de um semideus muito importante na mitologia grega, representado, sobretudo, pela figura de Leônidas.
Em Esparta a mulher tinha voz. Percebemos através da rainha, esposa de Leônidas, que as mulheres também tinham poder de decisão, demonstrado logo na visita do mensageiro de Xerxes, em que este a desrespeita e ela diz que “só as espartanas dão à luz a homens de verdade” e o respeito do rei ao olhar para ela, procurando sua confirmação antes de jogar o mensageiro no poço. Sua voz pôde ser ouvida numa assembleia, onde falou com eloquência e demonstrou domínio da oratória, inclusive matando um traidor de Esparta com toda a autoridade.
Importante observar as diferenças entre espartanos e gregos. Os espartanos consideravam os gregos como soldados amadores que não sabiam lutar, já que muitos se uniram a Leônidas em batalha, mas ao ver que a guerra estaria perdida foram embora. Contudo, mais tarde à morte dos 300, o exército espartano lidera 30 mil soldados gregos na luta contra o misticismo e tirania de Xerxes.

O filme adquire um caráter histórico e cultural muito significativo, pois, retrata a história de Esparta e da Grécia, abrangendo diversos pontos como a Educação, a cultura da formação militar, a guerra dos gregos e persas. A partir de uma visão crítica da época, pude perceber o quanto algumas coisas foram importantes, como a historiografia, o importante processo que consiste em resguardar a nossa história e transmitir para futuras gerações. Bem como, que a Educação ao longo do tempo e de acordo com suas culturas cumpre um propósito para o bem da sociedade, sempre com o objetivo de transformá-la ou conduzi-la de determinada maneira, como no caso dos espartanos. Mostra a evolução educacional com o fim de atingir seus objetivos em determinada época e cultura.
REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e do Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.

Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015
Ainda falando em Pedagogia Social...Conheçam o trabalho de COLODETE, PAIVA e PINEL (2012)

COLODETE, Paulo Roque. PAIVA, Jacyara Silva de. PINEL, Hiran. Pedagogia social: definições, formação, espaços de trabalho, grandes nomes e epistemologias. Conhecimento em destaque-Revista eletrônica, Serra, ES, v.01, n.02, jul. dez. 2012.

RESUMO:
O presente texto tem por objetivo apresentar a Pedagogia Social em suas definições, formação, espaços de trabalho, os grandes nomes e as epistemologias. A partir de algumas definições de Pedagogia Social, o autor mostra que esta é um saberfazer que vem sendo estudado recentemente e se diferencia pelo campo de atuação. A Pedagogia Social ou o educador social atua em ambientes desestruturados seja de rua, familiar, social com o objetivo de promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas por meio de estratégias que refletem nos mecanismos dos serviços sociais, políticas educativas e sociais, na luta pelos direitos essenciais desses cidadãos marginalizados na sociedade. A Pedagogia Social é então, uma ciência prática, propondo-se ser uma forma pedagógica e educacional caracterizada por um trabalho social de ajuda. No Brasil, a formação do pedagogo social existe em cursos de pós-graduação de lato sensu e poucas vezes nos cursos de graduação. Essa formação é necessária devida a amplitude dos espaços de trabalho do educador social. Envolve uma série de especialidades como: atenção à infância, à adolescência e à juventude; atenção à família com necessidades existenciais, à terceira idade, aos deficientes físicos, sensoriais e psíquicos; Pedagogia Hospitalar; prevenção e tratamento de toxicomanias e alcoolismo; prevenção da delinquência juvenil; atenção a grupos marginalizados; promoção e condição social da mulher; educação de adultos e animação sociocultural. Conforme Quintana (1988) a Pedagogia Social apresenta duplo objeto: a socialização do indivíduo e o Trabalho Social. Destaca-se neste contexto, a importância de três autores principais considerados fundadores e grandes contribuintes para a Pedagogia Social: Korczak, Natorp e Freire.  A partir da realidade vivida pelos sujeitos afetados pela sociedade é que as atividades enfocando as capacidades das pessoas serão desenvolvidas pelo educador social, com propostas interventivas e que objetivem a modificação desta realidade, transformando o contexto, em que os cidadãos passam a lutar e viver de modo democrático.

Palavras-chave: Pedagogia Social; educador social; sociedade; realidade.
Resumo escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015 

Recentemente na disciplina de Tópicos Especiais na graduação em Pedagogia, refletimos um pouco sobre a Pedagogia Social e a formação e atuação do Educador Social nos mais variados ambientes.
A partir disso, observamos o quanto a nossa sociedade necessita destes profissionais que ainda estão em formação.

O texto a seguir foi redigido com base nos textos de Evelcy Monteiro Machado em seu trabalho Pedagogia Social no Brasil: políticas, teorias e práticas em construção (2009) e de Geraldo Caliman no escrito Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador (2010):

PEDAGOGIA SOCIAL NO BRASIL

A Pedagogia Social é uma área de conhecimento que vem se disseminando cada vez mais em todo o mundo e que abrange os espaços escolares e não escolares, a partir do princípio da Educação em sua totalidade. No Brasil, a Pedagogia Social tem seu próprio ritmo tanto no campo teórico como no prático. No cenário brasileiro, a prática se impôs à teoria, ou seja, a área vem sendo organizada a partir deste início de século, observando-se as práticas desenvolvidas nos vários campos de atuação. Suas bases teóricas vêm sendo organizadas pela análise da própria prática que se consolida.
Contudo, ainda persiste o desconhecimento da área, notado inclusive por seus próprios trabalhadores, profissionais ou voluntários. Por isso, há a necessidade de reflexão sobre o espaço a margem da educação que ocorrem as intervenções socioeducativas no Brasil, a fim de superar a visão assistencialista predominante. Esse desconhecimento deve-se, em parte, a falta de formação de muitos profissionais atuantes.
Como a Pedagogia Social é ainda uma área em construção, muitos trabalhos e projetos são realizados por educadores sem formação específica, comprometendo assim, a qualidade dos resultados obtidos. Por isso, é essencial a formação inicial e continuada destes profissionais.
Quanto à formação, apesar de vagas restritas, no Brasil já se oferece cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado em várias partes do país, além de pesquisas na área. Na formação inicial, como no curso de Pedagogia, já se oferece disciplinas que trazem a reflexão no aluno sobre a educação não escolar. Nessa formação em nível superior, a área articula-se com a Pedagogia, a Psicologia e Assistência Social.
Quando falamos que a Pedagogia Social assume o princípio da Educação como direito, encontramos respaldo no artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 onde a Educação é entendida como “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988 apud MACHADO, 2009, p. 11381). Observamos também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 que a Educação abrange os processos formativos desenvolvidos nos diferentes espaços: “na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996 apud MACHADO, 2009, p. 11381). No entanto, estes conceitos de educação ainda são fragmentados e para se garantir os direitos plenos à educação é fundamental avanços e mudanças nas políticas públicas educacionais.
 À educação foi creditada à possibilidade de mudanças no desenvolvimento dos países e no Brasil não foi diferente. E para que essa mudança aconteça o foco é a escola. Contudo, o sistema educativo de ensino tem muito a melhorar, pois pouco se avançou no sentido de abranger a totalidade da Educação. Ainda não é compreendido que à Educação não se restringe a escola e ao sistema escolar, mas há um imenso espaço: familiar, social, de trabalho, político, econômico e cultural, que “fora e além da escola existem diversas formas de educação igualmente significativas e influentes” (CALIMAN, 2010, p. 342).
A Educação vai além. É a formação do homem integral em todas as suas relações com a sociedade e suas intervenções. E a escola não abrange todas as necessidades educativas e fora do ambiente escolar, são necessidades socioeducativas que atingem todas as idades e estão relacionadas a diversas situações, fazendo-se necessário a atuação da Pedagogia Social através de seus pedagogos e Educadores Sociais.
Em suma, a Pedagogia Social vem atender a demanda de situações que a educação escolar não abrange. A própria escola, no relacionamento entre família e sociedade, requer atenção que por meio da educação formal não é possível. Portanto, é necessário o aprofundamento das discussões e pesquisas no campo teórico e prático para a consolidação da área e para que possa atender as necessidades da sociedade brasileira, bem como, o desenvolvimento de políticas públicas que possibilitem a formação inicial e continuada dos profissionais para uma atuação mais eficaz.
REFERÊNCIAS:

MACHADO, Evelcy Monteiro. Pedagogia Social no Brasil: políticas, teorias e práticas em construção. IX Congresso Nacional de Educação- EDUCERE; III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. PUC: PR, 2009. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/PAL010.pdf. Acesso em 07/07/15.

CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. Revista de CIÊNCIAS da EDUCAÇÃO - UNISAL - Americana/SP - Ano XII - Nº 23 - 2º Semestre/2010. Disponível em: http://sites.unicentro.br/wp/cursodepedagogia/files/2011/08/caliman-pedagogia-social-transformadora.pdf, acesso em 09/07/15.

Texto escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY E SUA INFLUÊNCIA NO PENSAMENTO EDUCACIONAL BRASILEIRO DOS ANOS DE 1950/1960

Segundo Hessen (2000) o pragmatismo concebe o homem não como um ser pensante, mas como um ser prático, dotado de vontade, em que seu intelecto está a serviço de seu querer e de seu agir. “O intelecto não foi dado ao homem para investigar e conhecer, mas para que possa orientar-se na realidade. É dessa determinação prática de fins que o conhecimento humano retira seu sentido e valor” (HESSEN, 2000, p.31).

1      .      John Dewey
        John Dewey nasceu em 1859, em Burlington, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano de Vermont. Além de um grande pedagogo, foi também um grande filósofo, desenvolvendo a lição do pragmatismo. Ele é considerado uma das três figuras centrais do pragmatismo nos Estados Unidos, ao lado de Charles Sanders Pierce e William James.
     Para Dewey,
o conhecimento é uma atividade dirigida que não tem um fim em si mesmo, mas está voltado para a experiência. As ideias são hipóteses de ação e, como tal, são verdadeiras à medida que funcionam como orientadoras de ação. Portanto, têm valor instrumental para resolver os problemas colocados pela experiência. (ARANHA, 2006, p.261)

Na educação, Dewey acreditava que a aprendizagem seria mais significativa quando estimulasse a atividade dos alunos para que eles aprendessem fazendo, a construção do conhecimento a partir da experiência. Para ele, a educação deve oferecer condições para que a criança resolva por si própria os problemas. Considerando assim, a noção central da experiência, Dewey concluiu que “a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas a própria vida”. (ARANHA, 2006, p. 262).
Como pedagogo, Dewey acreditava que uma educação prática seria mais proveitosa para a sociedade. No Brasil, ele exerceu considerável influência filosófica, pedagógica e política sobre Anísio Teixeira, entre outros intelectuais brasileiros defensores das ideias pragmáticas.
Em 1959, por ocasião da comemoração do centenário do nascimento de Dewey, Anísio Teixeira, que nessa época estava a frente do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) e era o principal expoente do pragmatismo deweyano no Brasil, promoveu vários eventos como conferências, inclusive com participações internacionais, publicação de artigos e a reedição de obras de Dewey que foram traduzidas para o português, como: Como pensamos, Vida e educação, Reconstrução em filosofia, Educação e democracia, A criança e o currículo e Interesse e esforço.      

2.      O pragmatismo no pensamento educacional brasileiro dos anos de 1950/1960 e a influência de John Dewey

Na década de 50, o Brasil vivia o pós-guerra e, assim como outros países, sobretudo da América Latina, tinham o desafio de promover o desenvolvimento nacional. Este se daria nos âmbitos social, econômico, industrial e educacional.
No âmbito educacional, dois órgãos do MEC (Ministério da Educação e Cultura), o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) e o ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) se destacaram pela defesa do pragmatismo e do desenvolvimentismo, respectivamente.
O ISEB numa linha desenvolvimentista defendeu a industrialização do país como forma de mudança para uma política de autonomia econômica e como requisito para a soberania nacional, na passagem de um Brasil agrário para um industrial. Teve como principal expoente Álvaro Vieira Pinto.
O INEP tinha a frente à figura de Anísio Teixeira, grande defensor do pragmatismo de John Dewey no Brasil. Anísio difundiu o ideário pragmatista através de publicações, conferências, cursos e das escolas experimentais.
O INEP e Anísio Teixeira encontraram tanto defensores quanto críticos a teoria pragmatista deweyana. Houve, neste período, muitos impasses e discussões a respeito da pedagogia de Dewey, mas no ambiente educacional brasileiro, a polêmica principal girou em torno dos defensores da transformação radical do sistema educacional brasileiro e da democratização pela escola pública e a iniciativa privada liderada pelo grupo católico, conservador.
Segundo Mendonça (2006) as questões mais polêmicas deste conflito eram as propostas de Anísio Teixeira fundamentadas no ideário deweyano, entre elas: a municipalização do ensino (descentralização administrativa); democratização da escola e condição de inserção da escola na “comunidade”; uma escola pública universal, gratuita e laica e, por isso, democrática; controle do Estado sobre a qualidade do ensino e da formação de professores.
A apropriação do ideário deweyano no Brasil se fazia numa tripla perspectiva: “método científico”, “modo de vida democrático” e o “experimentalismo”. As duas primeiras perspectivas desenvolveram-se através das tentativas de racionalização do sistema escolar por meio da concepção de planejamento, em que a aplicação do conhecimento científico se dava na solução dos problemas de ordem prática.
A concepção de planejamento educacional de Anísio Teixeira se desenvolveu aplicando o método científico, fazendo-se uma formulação com base no presente, nos índices de analfabetismo e desenvolvimento econômico, que concretizaria um ajuste às necessidades imediatas, e uma projeção futura. Seria um investimento em longo prazo e também o esclarecimento da população atingida. A partir deste planejamento educacional Anísio Teixeira elabora em 1962, a proposta do Plano Nacional de Educação, um conjunto de metas a serem alcançadas num prazo de oito anos.
Dentro deste contexto, fazia-se necessário que a escola se tornasse uma instituição organizada a produzir nova consciência, um instrumento de poder de ação sobre o próprio destino e, consequentemente, sobre o destino da nação. E que rompesse as dualidades do sistema escolar: escola do povo x escola da elite, e uma aprendizagem prática x educação livresca.
A nova escola proposta por Anísio Teixeira distanciava-se dos antigos padrões acadêmicos e
buscava seus próprios moldes na vida em comunidade, local onde os alunos viviam e aprendiam as artes e as relações da sociedade compósita e difícil da qual participavam. O pressuposto é que esse modelo de escola organizasse tendo em conta a diversidade e a diversificação. (MENDONÇA (et al), 2006, p. 108).

Desta forma, Anísio Teixeira idealiza que “a escola tem que se fazer prática e ativa, e não passiva e expositiva, formadora, e não formalista” (TEIXEIRA, 1953 apud MENDONÇA (et al), 2000, p. 108)

3.      As Escolas-Parque e o “experimentalismo” de John Dewey

Com base no pragmatismo de John Dewey, a partir da origem do que se denominou experimentalismo pedagógico, que consistia na aplicação de métodos experimentais aos programas de ensino e orientações curriculares para instituições criadas para este fim, as chamadas escolas experimentais.
A pioneira foi criada em 1950 pelo Anísio Teixeira quando era secretário de Educação do Estado da Bahia (1947-1950), o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, onde o ensino ministrado tinha como base o pragmatismo de Dewey. O Centro constituía-se em uma escola articulada nos setores “escola-classe” e “escola-parque”. Na “escola-classe”, os alunos recebiam instrução análoga à recebida em uma instituição primária regular, e na “escola-parque” era fornecido conteúdos complementares, como a formação de valores e preparação para o trabalho.
Um aspecto relevante nesta divisão é que esta não se caracteriza uma dualidade, já que os alunos frequentavam ambos os setores e os conteúdos da “escola-classe” também eram utilizados na “escola-parque”. Outro aspecto é o fato de que o pragmatismo seria simultaneamente método de ensino e diretriz de formação ética dos alunos. O Centro Educacional Carneiro Ribeiro, tanto para Anísio quanto para os educadores, representou “elemento central para o projeto de conduzir o país ao progresso, ao desenvolvimento econômico e ao modo de vida democrático pela via da educação escolar” (MENDONÇA (et al), 2006, p. 110).


REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e do Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MENDONÇA, Ana Waleska P. C. (et al). Pragmatismo e desenvolvimentismo no pensamento educacional brasileiro dos anos 1950/1960. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a08v11n31.pdf. Acesso em: abril de 2015.


Resumo escrito por: Marcela Marinho de Oliveira em 2015
    








quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

DIVERSIDADE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO - ATALIBA DE CASTILHO (2010)




Trabalho realizado em coautoria com Rita de Cássia de J. Batista. Tem por objetivo mostrar a heterogeneidade do português brasileiro através de alguns tipos de variações expressas por Castilho (2010), como: variação geográfica, variação sociocultural, variação individual, variação de canal e variação temática.

1 A HETEROGENEIDADE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Segundo Castilho (2010), As línguas são construtivamente heterogêneas, pois através delas temos de dar conta das muitas situações sociais em que nos envolvemos, em nosso dia a dia. Elas são também inevitavelmente voltadas para a mudança, pois os grupos humanos são dinâmicos, e as línguas que eles falam precisam adaptar-se às novas situações históricas.
Variação e mudança são propriedades linguísticas que não impedem a intercompreensão, porque obedecem a uma sistematicidade e a uma regularidade.
Os seguintes eixos organizam a heterogeneidade/diversidade do PB:   Variação geográfica; Variação sociocultural; Variação individual; Variação de canal; Variação temática.
     Cada uma dessas variações, por sua vez, é organizada por um conjunto de variantes, ou seja, um conjunto de usos linguísticos considerados relevantes para a caracterização de uma variedade. Com isso, entende-se por variação a manifestação concreta da língua, e por variedade a soma idealizada das variações.
                               Variante > variação > variedade 
Para estudar a variação linguística, temos de selecionar um conjunto de variantes. Em suma, o conjunto de variantes configura uma variação, e o conjunto das variações configura a variedade linguística. A pesquisa sociolinguística tem demonstrado que as regras variáveis são correlacionadas com fatores sociais e fatores estruturais.

2 VARIAÇÃO GEOGRÁFICA
Falantes do PB, como de qualquer outra língua natural, procedem de determinado espaço geográfico. Há uma correlação entre a região de origem dos falantes e as marcas específicas que eles vão deixando em sua produção linguística.
Portugueses e brasileiros não falam do mesmo jeito. Brasileiros do Norte, do Nordeste, do Sudeste, do Centro-Oeste e do Centro-Sul tampouco falam exatamente do mesmo jeito. Uma língua natural conterá, portanto, diferentes dialetos*, relacionados ao espaço geográfico que ela ocupa. De todas as variedades do português, a variedade geográfica é a mais perceptível.

2.1 A DIALETOLOGIA BRASILEIRA
Segundo Ferreira/ Cardoso (1994:37-63), três fases assinalaram o desenvolvimento da Dialetologia brasileira.
A primeira fase vai de 1826 a 1920, caracterizando-se “pela produção de trabalhos voltados, basicamente, para o estudo do léxico e de suas especificidades no PB, de que resultaram numerosos dicionários, vocabulários e léxicos regionais” (Ferreira/ Cardoso, 1994: 15).
A segunda fase vai de 1920 a 1952. O período foi inaugurado pelo paulista Amadeu Amaral, ao escrever O dialeto caipira. Ele observou os usos do português em Capivari, Piracicaba, Tietê, Itu, Sorocaba e São Carlos, descrevendo detalhadamente a pronúncia, questões de gramática e de vocabulário da região. Antenor Nascente publicou em 1922 O linguajar carioca, livro que chamou a atenção para a importância da Dialetologia, ele organizou o primeiro mapa dialetológico brasileiro, o qual tem sido tomado como referência pelos pesquisadores atuais.
A terceira fase vem de 1952 até a atualidade, caracterizando-se “pela produção de trabalhos com base em corpus constituído de forma sistemática e é marcado(a) pelo início das preocupações com o desenvolvimento dos estudos de Geografia Linguística no Brasil”
Mas foi Nelson Rossi, linguista carioca filiado à Universidade Federal da Bahia, que saiu a campo com uma equipe que ele prepara, publicando os primeiros atlas linguísticos regionais do Brasil. A opção pelos atlas regionais explica-se pela enormidade do território brasileiro, entre outras dificuldades.

2.2   FALARES BRASILEIROS
2.3   A sociedade brasileira tem-se caracterizado nos últimos trinta anos por uma enorme mobilidade, causada pela intensa urbanização e pela expansão da fronteira agrícola. No começo do século XX, apenas 8% da população habitava as cidades, porcentagem que passou para 36% na década de 1950, para 67,6% na de 1980, e pouco mais de 80% no final do século XX.
Nos dois casos, passam a conviver brasileiros de regiões geográficas diferentes, usuários de falares igualmente diferentes.

3 VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL
Mesmo que se considerem os falares do PB originários de uma mesma região, ainda assim sua linguagem varia, pois cada falante procede de um segmento diferente da sociedade. Costuma-se sistematizar as variedades socioculturais levando em conta as seguintes variáveis:
  Falantes não escolarizados - analfabetos usam o português popular, ou variedade não culta;
Falantes escolarizados - pessoas escolarizadas falam usam o português culto, ou variedade padrão.    
É preciso deixar claro que: quando distinguimos PB popular e PB culto, estamos nos referindo a variações socioculturais não separáveis rigidamente. Ninguém é exclusivamente “falante popular” nem “falante culto”. Quem pratica o português popular não “fala errado” – apenas opera com a variedade correspondente ao seu nível sociocultural e Quem pratica o português culto não “fala certo” – apenas se serve da variedade correspondente ao seu nível cultural. Ninguém usa o português formal numa situação familiar, ninguém fala como se falava no passado.

4 VARIAÇÃO INDIVIDUAL
A variação individual é mais uma das exceções do português brasileiro que inclui: o registro, a idade e o sexo. 
   
1. REGISTRO: PB Formal e PB Informal
  O espaço social interindividual se caracteriza a partir de diferentes graus de intimidade, tendo assim o registro, variando entre o PB formal (ou refletido) e o PB informal (ou coloquial).

Por exemplo:
Bilhete para a namorada:
“Oi Bia:
Seguinte. A gente combinou de ir no cinema amanhã, sessão da tarde. Não vai dar.
Me esqueci que tem uma prova no colégio, e se eu não estudar minha velha me pega pelo pé. Eu, hein?
Tô fora. Você me entende.
Beijocas,
Pedrão”.
Carta para o patrão:
“Senhor gerente:
Terei de faltar amanhã ao trabalho em razão de uma prova bem difícil, no colégio. Precisarei estudar, pois se eu for mal nessa prova minha mãe vai ficar muito nervosa. Espero que o senhor compreenda minha situação e que me desculpe.
Atenciosamente,
Pedro” (Castilho, 2010).

2. A IDADE
Sabemos que pessoas de diferentes idades falam de acordo com seu contexto de vivência. Os jovens, por exemplo, usam de gírias.

3. O SEXO: português de homens e mulheres
Homens e mulheres também falam e usam expressões diferentes. Por exemplo:
Homem: Cara, preciso te dá ideia do que rolou ontem na festa.
Mulher: Ai amiga, preciso te contar o que aconteceu ontem.
Homem: Comprei uma camisa massa.
Mulher: Amiga, comprei uma blusinha linda.

5 VARIAÇÃO DE CANAL
“A comunicação linguística pode ocorrer em presença do interlocutor, quando falamos, ou na sua ausência, quando escrevemos. Isso nos leva à variação de canal,  a língua falada e a língua escrita.” (CASTILHO, 2010).

PORTUGUÊS FALADO:
Histórico dos estudos sobre a oralidade:
1º momento: Antes da invenção do gravador portátil, onde a observação da língua falada se dava em segmentos conversacionais recolhidos de memória e registrados no papel;
2º momento: marcado pelo uso do gravador, pela organização da língua falada, pelo debate das formas de transcrição e pelas análises dos materiais levantados. A língua falada se constitui assim, como objeto científico.
Metodologia para os estudos da oralidade: a gravação e a transcrição
Para gerar um documento da língua falada, os falantes são selecionados por critérios geográficos e sociolinguísticos e são escolhidos o tipo de entrevista: monólogo informal/formal, diálogo informal/formal, conversa telefônica.

Caracterização da língua falada
Uma caracterização da língua falada passa por tais pontos:
1)      A língua falada resulta de um dialogo em presença, imediato, ou de ausência, como na conversa telefônica;
2)      A língua falada documenta simultaneamente dois momentos: o planejamento, pré-verbal, de caráter cognitivo, e o a execução verbal de caráter sociointeracional;
Na Gramática há a reunião dessas propriedades, configurando-se na chamada sintaxe colaborativa.

1) Língua falada como diálogo em presença:   
     A linguagem humana é fundamentalmente dialógica, a diferença é que na língua falada os usuários estão em presença e a construção enunciativa se dá na interação.
     “Locutor e interlocutor assumem a coautoria do texto, que vai sendo gerado numa forma interacional, obrigando ambos a uma sorte de coprocessamento sintático.” (Blanche-Benveniste, 1986:91)

2) Língua falada como planejamento e execução simultâneos: O planejamento corresponde a fase cognitiva onde selecionamos o que vai ser dito e analisamos as condições de interação para dizer o pretendido, e fase de execução é a fase verbal em que representamos no léxico e na gramática as ideias adequadas ao ato de fala através da representação fonológica.  E ambas as fases são simultâneas, no tempo real.Pois todos os falantes estão em presença e tudo “vai para o ar”, simultaneamente pensamos e falamos.

3) Agenda para uma sintaxe colaborativa:
A sintaxe colaborativa é a organização da estrutura gramatical da língua falada.
A “sintaxe colaborativa” envolve pelo menos três áreas de pesquisa:
a) Elipse e anacoluto;
Se caracterizam pelas descontinuações da fala, da omissão de termos fazendo com que as frases tenham uma incoerência lógico-gramatical.
Ex.: (1) bom... A cozinha também Ǿ estilo moderno (= em estilo moderno)
(2) Cada um já fica mais ou menos responsável por si pelo menos... De si... Fisicamente né? de higiene... de... trocar roupa... todo esse negócio.
b) Segmentos epilinguísticos;
São epilinguísticos os segmentos em que o falante conversa sobre a língua, negando uma expressão, voltando atrás, vendo a melhor forma de expor a ideia:
O terreiro (...) é: como poderia chamar? Um chão.  
c) Repetição de constituintes.
A repetição é mais um elemento da língua falada, na medida em que repetem vão construindo a estrutura funcional da sentença, permitindo ao observador desvendar importantes mecanismos de constituição e funcionamento da linguagem.

PORTUGUÊS ESCRITO:
Sobre a especificidade da língua falada e da língua escrita, os estudos nos levam a três direções:
1) Apenas a língua falada tem estatuto próprio, sendo a língua escrita uma transposição da primeira (Câmara Jr);
2) Que língua falada e língua escrita são autônomas, entendendo que na língua falada o sentido está no contexto e na língua escrita o sentido está no texto (Olson/Torrance);
3) Língua falada e língua escrita se dão num continuum de usos, integrados por diversos pontos focais (Tannen; Chafe; Berruto; Biber; Marcuschi).

Caracterização da língua escrita: processos e produtos
Há pelo menos dois processos constitutivos da língua escrita:

1) É um diálogo que ocorre em ausência do interlocutor:
O leitor ao qual se escreve, encontra-se em ausência física, assim as expressões tem que ser mais explícitas, em que a língua escrita se torna dependente do próprio texto refletindo em sua unidade, o parágrafo. 

2) O planejamento e a execução ocorrem em momentos distintos:
O planejamento e a execução não coincidem no tempo, pois no texto escrito, o autor pode escrever, refazer, dando ao texto escrito uma maior elaboração, porém dissimula o processamento linguístico.
Quanto aos produtos destes processos temos pelo menos:
1) O parágrafo: § = signum sectionis (símbolo do corte) é a unidade da língua escrita. No parágrafo não se pode omitir o tópico, e as ligações com o que precede ou sucede devem ser indicadas através de expressões como primeiramente, em segundo lugar, em consequência, voltando ao ponto, etc.
2) Uma sintaxe especializada: “A tradição gramatical do Ocidente repousa sobre a língua escrita.”. Temos a presença de estruturas sintáticas mais elaboradas, como a nominalização e subordinação; uso abundante da voz passiva; sentenças declarativas predominando sobre as interrogativas e imperativas, etc.

3) Diversidades de escrita e gêneros discursivos:
1. Língua escrita corrente:
Tem seus fins utilitários, como a manutenção de contatos familiares e de negócios; difusão de notícias; ordenamento do direito público; garantia dos direitos privados; documentos de administração pública, etc. Esta é mais conservadora, por assentar direitos dos cidadãos e do Estado.
2) Língua escrita literária
“Tem uma finalidade artística, sendo sustentada por projetos estéticos. Ela tende a ser mais inovadora, pois os escritores buscam continuadamente interpretar seu tempo, expressando-se de modo individualizado.”

6 VARIAÇÃO TEMÁTICA

PORTUGUÊS CORRENTE: São os assuntos do dia a dia.
PORTUGUÊS TÉCNICO: São os assuntos especializados, é a linguagem comum de médicos, cientistas, políticos, clérigos.
Exemplos: Português Corrente: “Em alguns casos de câncer de boca, as células da pele perdem funções próprias, ganhando  funções típicas das células conjuntivas. Quando isso acontece, elas produzem proteínas especificas das células conjuntivas.  Uma série de eventos acontecem então, tais como a perda de sua coesão e a invasão das células conjuntivas, (em busca dos vasos  sanguíneos), promovendo o espalhamento do câncer pela boca.”
Português Técnico: “A transição epitélio-mesenquimal é um processo-chave na invasão e metástase em carcinomas, sendo responsável pela ativação de genes epiteliais como as Citoqueratinas. Uma série de eventos segue a transição epitélio-mesequimal, como a perda da adesão celular, a síntese de componentes exclusivos da matriz extracelular como a glicosaminoglicana Fibronectina e a síntese de proteases como a Estromelisina-1.”
OBSERVAÇÃO:
Alguns termos técnicos passaram para o uso corrente, como termos referentes ao futebol e ao carnaval:
Vocês são um time unido, parabéns!
Coitado, ficou para escanteio a vida toda.
Sabe aquele cara de mau hálito? Foi chegando e, para escapar, dei o maior chapéu. Sai fora!
Você ganhou no quesito paciência.

CONCLUSÃO
Com base no que vimos, percebemos que o português brasileiro como qualquer outra língua possui variações por sua heterogeneidade e pela adaptação ao longo do tempo, das mudanças que ocorrem em todas as línguas. Observamos o estudo de cinco tipos específicos de variação que Castilho (2010) dispõe em seu livro.Com relação a variação geográfica refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de estrutura sintática entre regiões.
         Com relação a variação social pode-se agrupar alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a idade e o gênero do indivíduo. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico de uma pessoa.
Quanto à variação individual, esta é composta pela variação de registro, de idade e de sexo, correspondendo as relações interindividuais. A variação de canal corresponde ao português falado (diálogo em presença) e o português escrito ( comunicação em ausência) e a variação temática é com relação ao português do cotidiano e o português  técnico, comum à determinadas áreas.  
            Portanto, o português brasileiro é caracterizado por sua grande variedade de falares espalhados por todo o Brasil.

REFERÊNCIAS
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Ed. Contexto, 2010.